Manifesto
Texto fundador
O termo Medicina Ampliada é uma tentativa de nomear uma mudança já em curso: a clínica expandida no tempo, no espaço e nas mediações digitais, sem que a responsabilidade médica seja delegada a sistemas ou ferramentas.
1. A clínica mudou antes de ser compreendida
Telemedicina, comunicação digital e inteligência artificial já alteraram a forma como médicos acompanham, orientam e decidem. A mudança não é apenas “mais tecnologia”: é uma transformação das condições do ato clínico.
2. Ampliação não é substituição
Ferramentas podem apoiar organização, síntese e acesso. Mas não assumem responsabilidade, não respondem por consequências e não substituem o juízo clínico. A decisão segue sendo humana, situada e ética.
3. O risco não é só o erro — é a terceirização do pensar
Em ambientes com respostas prontas abundantes, o desafio é preservar autonomia intelectual: formular boas perguntas, reconhecer incertezas, justificar condutas e manter rastreabilidade decisória.
4. O cuidado se estende — e precisa de limites
A informalidade (mensagens fora da consulta, por exemplo) tornou-se parte dominante do cuidado. Isso exige critérios: quando orientar, quando reavaliar, como registrar, como definir fronteiras de disponibilidade.
5. Formação e governança
Se a clínica mudou, a formação também precisa mudar: mais processo, mais justificativa, mais ética. Instituições devem criar diretrizes claras para uso de tecnologia sem precarizar o cuidado.
Versão didática
Em uma frase: Medicina Ampliada é a medicina que já acontece para além do consultório e do momento da consulta, mediada por tecnologias, mas sustentada por responsabilidade clínica.
- O que muda: tempo, espaço, canais e suporte ao raciocínio.
- O que não muda: responsabilidade, vínculo e decisão clínica.
- O que precisamos: critérios, limites e formação adequada.
Nota: este manifesto é um ponto de partida. O site organiza os desdobramentos em diretrizes e artigos.